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Mostrando postagens de maio, 2020

borderline: comorbidades e etiologia

os transtornos de personalidade, apesar de seus sintomas incluídos nas categorizações de transtornos mentais, exigem diferenciação dos mesmos por se tratarem de uma organização que se desenvolve em tenra idade e permanece mais ou menos estável ao longo da vida. o TP assemelha-se mais a um “modo de ser” que acarreta prejuízos em todas as dimensões existenciais do que propriamente a uma doença definida que se pode pontuar temporal e espacialmente. segundo o DSM-IV, os TPs são " um padrão de vida interna ou comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas culturais do indivíduo, manifestado em duas (ou mais) das seguintes áreas: cognição (modo de perceber a interpretar a si mesmo, outras pessoas e eventos), afetividade (amplitude, intensidade, labilidade e adequação da resposta emocional), funcionamento interpessoal e controle dos impulsos " [APA, 1994]. Já a CID-10 os define como " perturbação grave da constituição caracterológica e das tendências comportame...

Bolsonaro e a psicologia do fanatismo

parece óbvio . bolsonaro é uma criatura limitada intelectual e emocionalmente, que ascendeu instrumentalizando ódios comuns, incapaz de uma oratória coerente e objetiva, munido de raciocínio superficial que só é capaz de oferecer medidas imediatistas e parciais. bolsonaro é claro quanto à intenção de sacrificar as seções populacionais que não considera dignas de vida decente, através de seu típico apelo à violência (sob desculpa de conservadorismo). e apesar do que parece tão óbvio e absurdo, ainda há quem com ele corrobore. por quê? pra discutir isso é preciso introduzir  com um esboço do panorama educacional brasileiro para em seguida refletir sobre modelos mentais, distorções cognitivas, realismo ingênuo/direto, política e identidade social e psicologia da persuasão (a exemplo hitleriano). EDUCAÇÃO  A educação brasileira, entre várias fases que incluíram a) a exclusão do proletariado e das mulheres do ensino formal, b) a expansão da escolaridade gratuita e obrigatóri...

peçonha (14.05)

“basta tratar controlar os sintomas raciocinar, ser coerente, ponderar.  é tão fácil  e se você dosar, pode até ser bonito.” existe muito mais além do sintoma encarcerado, deslocado e categorizado num dsm ou num cid. os sintomas ganham vida em pessoas . gentes vidas subjetividades experiências particularidades os sintomas ganham vida em pessoas não é mecânico ou automático ou distante. tampouco nítido como cancro que se extirpa. eles se combinam se entrelaçam se cruzam enrolados como liames flexíveis  e se tornam outra coisa  atingem outras estruturas e funções  alcançam onde você não pode discernir  e são convincentes dissimulados cínicos verossimilhantes argutos  se enraizam nos esporos dos pensamentos e você interpreta e julga através deles.  num transtorno de personalidade, o que se chama de “sintoma” parece mais um modo de ser. não há um estandarte. não há um ponto específico onde a história se bifurca são forma...

voltei (13.05)

a experiência dos estados depressivos não é percebida como algo de errado; dizer isso suporia que existe um estado diferente e variado desse. na verdade toda experiência parece apenas conferir contorno, e essa sensação (à prova do nome) é um núcleo composto. o tempo fica oco.  tem-se enfraquecida a auto-percepção elementar de ser, por si mesmo, real. todo o horror da dormência ininterrupta escapa da forma que o conceito poderia conferir - assim, não se pode passar à frente. me questiono se alguém um dia foi de fato capaz de falar da depressão... semelhante à uma toxina que cobre por completo e dissimuladamente o chão que se pretende pisar. sensação ideia movimento e ação, qualquer fluxo cabal é alcançado, infectado, desfalcado, desfalecido. e não, ainda não é o bastante relatar em termos de enfermidade física, porque dessas se conhece a causa, a maneira de manifestação, o tratamento. dessas existe um desenho, uma imagem... dessas há a ideia. e a depressão enquanto atuante...

COVID-19 como impacto mental a longo prazo

A COVID-19 se revela como um problema a longo prazo à saúde mental:  as agências federais dos EUA chamam atenção para uma onda histórica de psicopatologias, entre as quais se destacam depressão, abuso de substâncias, transtorno de estresse pós-traumático e suicídio; além disso, os  já limitados acessos a cuidados e profissionais dessa área serão exacerbados pela pandemia.  Os últimos dados (2018) quanto à saúde mental dos norte-americanos  apontavam que: cerca de 1 a cada 5 adultos norte-americanos (47 milhões) apresentavam histórico de doença mental; 11 milhões sofriam de doença mental severa, tendo, portanto,  prejudicada a sua funcionalidade social. em 2017-2018 mais de 20 milhões de indivíduos apresentaram episódios de transtorno depressivo maior e ansiedade; também em 2018, 1/3 dos adultos relatou preocupação, nervosismo ou ansiedade diariamente; as mortes por overdose aumentaram mais de três vezes nos últimos 19 anos; apenas em 2018 quase 50...