se confiam no mito da autoestima cujo sinônimo é “se sentir bonita(o)”. em mim os dias não têm linearidade. me deito em pré-luto: ao cair no sono ela some e me escapa, nunca soube como acontece. ao invés de uma constatação frívola de beleza estética, essa sensação é sobre um bem-estar e um conforto pacífico comigo mesma . nesses dias eu não me agrido; nesses dias eu não preciso me esforçar tanto pra parecer minimamente útil e aprovável ao meu crivo demoníaco. posso não ser produtiva, posso esquecer da aparência, posso fazer o que escolher e tenho direito de ir e vir sem o martelar obsessivo por trás dos olhos. eu não preciso ser além . ter uma autoestima deficiente me dissocia desse corpo de um modo tão violento que eu desaprendo a atividade mais básica. quando em público eu tremo, eu travo, as palavras se embolam, meu andar se atrapalha, eu adquiro uma postura passiva sem voz e me maldigo incondicionalmente. é uma espécie de constrangimento de mim mesma tão grande que taref...