Pular para o conteúdo principal

Postagens

alterações cerebrais na psicopatia (S. Weber et al., 2008)

possíveis anormalidades cerebrais naqueles considerados psicopatas começaram a ser investigadas ainda em 1876, por Lombroso, que popularizou o conceito de "criminoso nato" ; influenciado pela frenologia de Gall, Lombroso acreditava que uma mente criminosa poderia ser identificada por deformações cranianas e em outras partes do corpo. a ideia ganha notoriedade com o caso de Phineas Gage (1848), que após ter a parte frontal do cérebro atravessada por uma barra de ferro, apresentou alterações severas na personalidade, incluindo prejuízos à dimensão afetiva e surgimento de comportamento agressivo e violento. casos como esse introduziram o conceito de psicopatia adquirida ou pseudopsicopatia : quando as pessoas mostram comportamento inapropriado e agressivo após lesão no lobo frontal (mostrando pontuações mais altas no fator 2 do PCL-R). assim, embora a psicopatia adquirida difira da condição nata nas alterações funcionais, prejuízos à cognição social e moral apontam principalment...
Postagens recentes

mas, afinal, o que é psicopatia?

o estereótipo de que toda desordem mental possui um perigo latente aproximou a psiquiatria da justiça criminal, em busca de saber em quais condições pode-se responsabilizar alguém por seus atos e se há mesmo estados que, por si só, conduzem à conduta criminosa.  a "psicopatia", conceito que mais responde a essa demanda atualmente, surgiu dentro do âmbito forense e da medicina legal para se referir a criminosos que não apresentavam manifestações creditadas como insanidade "típica", isto é, marcada por sintomas psicóticos como delírios e alucinações, em que há prejuízo óbvio à racionalidade. acontece que o conceito apresenta uma série de problemas:  a) é popularmente associado à condenação moral e à criminalidade, já que se fez conhecido através das caricaturas de indivíduos cruéis, manipuladores, insensíveis e sem remorso, e até mesmo assassinos em série; b) possui uma grande variedade de termos tomados como sinônimos, dentre os quais se destacam sociopatia, transtor...

comportamento anti-social na infância: o clichê da criança má

"semente do mal".  foi assim que a corte inglesa se referiu à Mary Bell, responsável pela morte de dois meninos de 3 e 4 anos no fim da década de 1960 — quando a própria Mary tinha apenas 10 anos. a imagem da menina foi ligada à malignidade inerente e à psicopatia infantil , e assim acontece não apenas com as crianças condenadas por crimes similares, mas também com aquelas que apresentam comportamentos que não condizem com sua representação social. é preciso entender que a criança é um signo , e, como os demais, sua ideia foi paulatinamente modificada de acordo as expectativas dos pais, da sociedade e das concepções específicas de tempo e espaço; a criança moderna não mais designa um “adulto em miniatura”, mas sim a inocência, a pureza e a vulnerabilidade. essa visão popular da criança como a personificação da bondade e do incólume não cede espaço para a consideração da mesma como indivíduo e, sobretudo, um indivíduo em construção, sujeito a adversidades e passível de ações ...

suicídio: racional ou instrumental?

por ser reduto de dificuldades lógicas, a discussão acerca do tema do suicídio está sempre sujeita à incorporação de valores pessoais e a fortes conotações emocionais ou morais negativas. embora fenômeno (pois não deve ser entendido como pontual e isolado) plurissignificativo e multifatorial, o tabu sobre o assunto restringe a maioria dos posicionamentos públicos aos meios de evitar um suicídio motivado por psicopatologias; em razão disso, conflitos éticos indissociáveis ao tema são vilipendiados, como, por exemplo, a legitimação do desejo de morrer .  apesar disso, os suicídios são comumente julgados diferentemente: o desejo de morrer e a morte autoprovocada de um idoso cuja doença em estágio avançado traz sofrimento físico é comumente mais legitimado que o desejo de morrer e a morte autoprovocada de um jovem em intenso sofrimento psíquico; da mesma forma são avaliados os métodos: quanto menor parece a intenção de morrer percebida em uma tentativa, mais negativa é a atitude das p...

suicídio: um pouco sobre divulgação midiática e epidemiologia

cerca de 800 mil pessoas suicidam anualmente; o crescimento das taxas de suicídio nos últimos 20 anos foi de 200% a 400%, em particular entre os adolescentes (Klerman & Weissman, 1989; Goodwin & Runk, 1992); a OMS avalia o suicídio como problema de saúde pública, pois configura uma entre as dez causas mais frequentes de morte em todas as idades, sendo a segunda causa de morte entre 15 e 34 anos de idade (Retterstol, 1993); mais de 70% dos suicídios no mundo ocorrem em países de baixa e média renda; ingestão de pesticidas, enforcamento e armas de fogo estão entre os métodos mais comuns. EFEITO WERTHER Apesar da constatação de que a ampla divulgação de um suicídio pode acarretar um efeito em série, o suposto "contágio" associado ao efeito Werther precisa ser reconsiderado; além da carência teórica, uma análise superficial pode servir de justificativa para mais estigma e silenciamento. Pesquisas de previsões teóricas são comprometidas principalmente pela limitada inform...