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Auschwitz foi cometido por homens e mulheres comuns

Pouco instruído, de intelectualidade precária, corrupto, sádico, psicopata, inerentemente mau.

Esse é o perfil popular de um nazista. 

Porque supostamente apenas a crueldade patológica seria capaz de justificar as atrocidades cometidas de 1933 a 1945, com mais de seis milhões de judeus assassinados - embora seja impossível determinar com precisão o número de mortos. De fato outros confrontos históricos fizeram mais vítimas, mas o nazismo - principalmente seu horror materializado em Auschwitz, onde mais de dois milhões foram exterminados e famílias saíam pelas chaminés - é perpetrado como expressão mais clara da crueldade humana pela forma como essas mortes se deram: não em combate, quando os corpos que caem parecem justificados, mas na covardia e na desumanização dos campos de extermínio, projetados na teoria para atuarem como estadias de recuperação física e moral, mas postos em prática como sítios de trabalho escravo onde a maioria não chegava aos dois meses. Assim como os números, é impossível determinar todos meios de tortura, mas é seguro dizer que se tirou o máximo da criatividade humana para infligir deliberadamente o sofrimento extremo no outro.


Mas como isso acontecia? Como a empatia e mesmo a humanidade podiam sumir tão completamente nos atos dos oficiais da SS?


Meio milhão de oficiais não poderia ser formado inteiro por criminosos patológicos. E a verdade, em estudos e experiências que constam nos documentos, é que os nazistas eram pessoas comuns.


Ainda em 1945, uma pesquisa de opinião foi conduzida pelos americanos em sua zona de ocupação; “dos entrevistados, 20% ‘concordaram com o tratamento dos judeus por Hitler’. Outros 19% disseram que, apesar de acharem que as políticas contra os judeus eram exageradas, estavam fundamentalmente corretas.” (Bönish; Wiegrefe, 2008)


Ainda assim, é possível justificar através da alienação empreendida pela ideologia de Hitler. Entretanto, na década de 1990, recuperou-se informações mais precisas sobre o perfil desses oficiais.


Nem todos eles eram, de fato, comprometidos com o nazismo.

Eram religiosos, católicos ou protestantes.

Pessoas com mais de um doutorado.

Membros da classe trabalhadora.

E a média de “psicopatas” (antiga denominação para transtorno de personalidade antissocial) não era maior do que na população em geral.


Anos de doutrinação, fé cega nos líderes, um sentido de dever e obediência, pressão dos colegas, minimização da violência como resultado das experiências de guerra, sem mencionar o desejo pelas propriedades dos judeus”, são alguns dos motivos listados.


Langer (1943) foi o psicólogo responsável por elaborar o perfil psicológico de Hitler, às ordens da antiga CIA. A análise, claro, foi feita à distância. Nela, a conclusão mais importante para entender a barbaridade é que Hitler de fato acreditava em sua grandeza, desprezando a intelectualidade e dando a si mesmo caráter divino; afirmava que cumpria deveres instituídos pela providência e se compara a São João Batista e mesmo a Jesus Cristo. Na verdade, a chave para entender não apenas a influência hitleriana, mas também os governos autoritários mesmo na atualidade, é que os ditadores articulam o que a maioria pensa secretamente, mas um frágil senso moral se obriga a não admitir. Talvez esses ditadores sejam de fato neuroatípicos em algum nível (alguns psicólogos e psiquiatras consideram Hitler paranoico e beirando a esquizofrenia), mas não necessariamente alucinantes, e sim apenas comprometidos o bastante para expor seus ódios.


Ainda segundo Langer, a distinção conquistada por Hitler se dava porque, apesar de mediano e mesmo ignorante, ele obtinha sucesso como líder, usando (sem saber) vários fatores da psicologia de grupo, como a “capacidade de apelar às inclinações mais primitivas do homem para despertar os instintos mais baixos e, mesmo assim, mascará-los com nobreza, justificando todas as ações como meios para alcançar um objetivo ideal”, a utilização de elementos para alienar, como apelo às tradições e à fragilidade emocional através de discursos apaixonados, e mesmo propagandas - consciente das mensagens subliminares -, e a recorrência aos medos e à obediência cega de um povo. 


Quando “era confrontado por fatos contraditórios, ficava em apuros”, pois ele “quer as coisas do seu jeito e fica louco quando encontra oposição firme e embasada. Quando é feita uma pergunta inesperada, Hitler fica completamente confuso.” Demonstrando intenso descontrole psicológico, era comum “ele dar broncas, gritar e gaguejar e, em algumas ocasiões, espuma de saliva se acumula nos cantos de sua boca. Fúria e insultos tornaram-se as armas favoritas de seu arsenal.


Hitler poderia até responder ao imaginário popular do criminoso doentio e inculto, mas, em matéria do El País de 2017, um estudo feito por Christian Ingrao (1970), demonstra que havia um grande contingente de intelectuais na ordem nazista.


A violência não está restrita à parte da população fantochizada pela doença mental ou com severo comprometimento da instrução acadêmica; a violência em geral reside nos impulsos mais primitivos e não trabalhados por falhas pessoais e estatais. A obra de Ingrao aparece “derrubando o senso comum de que quanto maior o grau de instrução mais uma pessoa estará imune a ideologias extremistas”, e, ainda, argumentando que a maioria dos genocídios traz as ordens de indivíduos muito bem instruídos por trás. 


O historiador atenta para as consequências brutais das tensões políticas na conjuntura do século XX (assim como o século atual tem mostrado), como a Primeira Guerra e a quebra da bolsa em NY, na mente daqueles que sobreviveram. O número absurdo de mortes e sua banalização, a convivência diária com retratos da subumanidade, a fome dilacerante, o constante medo, a privação de direitos e necessidades básicas e outros fatores foram parte da construção identitária dessa população.


Exemplo disso é como o Holodomor, influenciou e ainda influencia sobre a saúde mental de sua população, com a Ucrânia apresentando número superior à média de casos de assassinos em série.


O conjunto de crenças compartilhadas entre os estudantes das décadas de 1920 e 1930 transitava entre a memória da Grande Guerra, a supremacia racial e o radical anti-semitismo. É correto, assim, atribuir e responsabilizar a construção do preconceito e do ódio coletivo sobre a violência não apenas dos governos autoritários, mas também do homem comum.


Depois da libertação dos sobreviventes, ainda, foram encontradas, por russos e americanos, diversas obras do cânone literário nos gabinetes e salas restritas aos oficiais nazistas.


A instrução não é suficiente para a amenização dos impulsos agressivos quando a formação psicológica básica apresenta tantas lacunas.


Com objetivo de determinar os efeitos da obediência a ordens diretas e ideologias vigentes sobre a violência nazista, o psicólogo Stanley Milgram empreendeu um experimento que teve início em 1961. Os participantes foram recrutados por meio de um anúncio no jornal, mas se tratavam propositalmente de estudantes de pós-graduação de Yale; foram 40 homens, com idades entre 20 e 50 anos. A experiência se utilizava de três pessoas, o participante e dois cúmplices do projeto (o que não era sabido pelo voluntário). Eles sorteavam que função exerceriam, se a de professor ou de aluno - apenas com vistas a conquistar a credibilidade do participante, já que os papéis eram sempre os mesmos. O cúmplice assumia o papel de aluno, e era fixado numa falsa cadeira elétrica, e o participante, como professor, ficava na posse de um gerador de corrente e era responsável por promover perguntas que acarretariam choques caso a resposta fosse incorreta. O ator, como pesquisador, observava a experiência. A cada resposta incorreta (proposital) o nível de choque era aumentado, variando gradativamente de 15 volts a 450 volts. A partir dos 150 volts o aluno pedia para ser liberado da experiência. A partir de 285 volts o choque era considerado grave e de risco. Aos protestos do aluno, caso recuasse, o voluntário recebia estímulos do ator-pesquisador:

Estímulo 1: Por favor, continue.

Estímulo 2: O experimento requer que você continue.

Estímulo 3: É absolutamente essencial que você continue.

Estímulo 4: Você não tem outra escolha a não ser continuar.

Logo após a quarta frase o experimento era interrompido. Antes mesmo dos 450 volts, o cúmplice-aluno fingia estar morto.


Antes das experiências, procurei obter, de diversas espécies de pessoas, previsões sobre o seu desfecho – psiquiatras, estudantes e professores universitários e operários comuns. Com notável semelhança predisseram que virtualmente todos os testados se recusariam a obedecer ao experimentador. Os psiquiatras, especificamente, predisseram que a maioria deles não iria além dos 150 volts, quando a vítima faz sua primeira solicitação explícita para ser libertada. Esperavam que somente 4 por cento alcançariam os 300 volts e que somente uma cifra patológica de um em mil administraria o mais intenso choque do quadro.” (Milgram, 1961)


Na verdade, os resultados se mostraram bem diferentes: 65% (dois terços) dos participantes continuaram até os 450 volts - e todos continuaram até 300 volts.


Um colega de Milgram “(...) assegurou que quando testássemos pessoas ‘comuns’, os resultados seriam bastante diferentes. Ao passarmos do estudo-piloto para a série regular de experiências, pessoas escolhidas em todas as camadas sociais de uma cidade próxima vieram a ser empregadas na experiência: profissionais, empregados burocráticos, pessoas desempregadas e operários de fábricas. O resultado da experiência foi o mesmo do que havíamos observado entre os estudantes.

Ainda mais, quando as experiências foram repetidas na Alemanha, Itália, África do Sul e Austrália, o nível da obediência foi invariavelmente um pouco maior do que o que foi encontrado na investigação relatada neste artigo. O experimentador encontrou em Munique uma percentagem 85 por cento de obediência entre os seus pacientes.”


A discussão dos resultados por Milgram ajuda a compreender o papel das ordens de superiores, diretas ou não, sobre a manifestação da brutalidade dos nazistas. “Uma interpretação teórica deste comportamento afirma que todas as pessoas possuem instintos profundamente agressivos que exercem continuamente pressão para se manifestarem e que a experiência justifica a liberação desses impulsos. De acordo com esse ponto de vista, se uma pessoa é colocada numa situação em que tiver completo poder sobre outro indivíduo, a quem poderá punir tanto quanto quiser, tudo o que existe de sádico e bestial no homem vêm à tona. O impulso de aplicar choques na vítima é encarado como fluindo das fortes tendências agressivas que fazem parte da vida motivadora do indivíduo e a experiência, pelo fato de dar-lhes legitimidade social, simplesmente abre as portas à sua manifestação. (...) 

Essa é, talvez, a lição mais fundamental do nosso estudo: as pessoas comuns que simplesmente cumprem suas tarefas, sem terem qualquer hostilidade particular, podem tornar-se agentes num terrível processo destrutivo. Além disso, mesmo quando os efeitos destrutivos do seu trabalho ficam patentemente claros e que lhes é solicitado cumprir ações incompatíveis com os padrões fundamentais da moralidade, um número relativamente pequeno de pessoas tem os necessários recursos internos para resistir à autoridade.”


Em outra seção do artigo de Milgram, denominada “a etiqueta da submissão”, ele afirma que alguns voluntários estavam completamente a par da violência de suas ações, mas não eram capazes de romper com a autoridade, por temor de parecer arrogante ao pesquisador e de ter sua competência questionada.


Curiosidades aterradoras sobre o comportamento de voluntárias mulheres foram suscitadas: 

  1. Em todas as vezes que o experimento foi reproduzido, desde o original em 1963 até o mais recente em 2009, o percentual de mulheres que aceitou ir até o final (73%) sempre foi maior que o percentual de homens (65%).
  2. Charles Sheridan e Richard King reproduziram uma controversa versão do experimento em 1972 usando uma vítima de verdade: um filhote de cachorro. Neste teste todas as mulheres foram até o final, as 6 pessoas que desistiram eram todos homens.
  3. Na última vez que o experimento foi reproduzido, em 2009, pelo canal britânico BBC, a estudante de biologia, Emma, 19 anos, é filmada sorrindo diversas vezes enquanto dava os choques na suposta vítima da experiência”.


A maior aderência das mulheres à violência do experimento pode ser explicada não por uma malignidade inata, mas tanto pela dilacerante submissão aprendida, quanto pela quantidade de raiva e amargura que se internaliza devido à cultura; sob ordens que permitem a violência - embora as estatísticas não apontem de forma alguma pra maior número de mulheres violentas e criminosas -, mais mulheres responderam obedientemente, ensinadas a atender desejos e tendo suas fúrias silenciadas.


Mulheres também compunham o grupo de oficiais da SS. No artigo de Ilana da Cunha Lima, “A PSICOPATIA FEMININA, O NAZISMO E OS DIREITOS HUMANOS: UM ESTUDO DO CASO IRMA GRESE”, Cunha Lima apresenta a hipótese de Grese possuir TPA e descarta o mito do “instinto maternal” e da “inata” delicadeza feminina empreendida pela feminilidade. Grese foi guarda em Auschwitz, Belsen e Ravensbrück. Foi réu foi no julgamento criminosos de Belsen, realizado no final de 1945, e condenada à forca aos 22 anos. 


Quanto ao imaginário popular de que crimes atrozes são cometidos apenas por “psicopatas”, faz-se uma consideração sobre a “psicopatia” feminina - é preciso lembrar que “psicopatia” é termo estigmatizado de uma condição que se inscreve dentro do transtorno de personalidade antissocial, que, como qualquer patologia mental, se estende sobre qualquer pessoa que possua tanto predisposição congênita quanto traumas na formação da personalidade, e não se trata de uma “malignidade” por escolha:


A psicopatia é mais evidente nos indivíduos do sexo masculino, sendo uma estimativa de três homens pra uma mulher, mas, evidentemente, a psicopatia também atinge as mulheres em vários níveis, embora com características diferentes e menos específicas quando comparadas às que atingem os homens.” (FERREIRA, SILVEIRA, 2012)


As transgressões no TPA, em sua maioria, são na verdade pequenos delitos, e apenas uma pequena parcela é responsável pelos crimes hediondos que chegam à mídia.


Ainda segundo Ferreira e Silveira, a “psicopatia” grave se encontra num pequeno número de mulheres.


Cunha Lima afirma ainda que “a análise do perfil de Irma e de sua personalidade, não decorre do pressuposto de que todos os nazistas eram pessoas com anormalidade mental. Isso porque existiram diversos diagnósticos de nazistas que deram negativo para transtornos mentais, como no caso de Adolf Eichmann que foi uma das figuras centrais do holocausto junto com Hitler, porém após passar por uma avaliação psiquiatra foi considerado ‘normal’.”


Grese, de acordo com depoimentos e sobreviventes, possuía um perfil de suas vítimas (fato comum entre os criminosos com TPA): mulheres e crianças notadamente mais debilitadas e que apresentavam beleza física. Suas torturas envolviam também estupros mesmo contra as crianças.


Grese é apontada ainda como amante de Joseph Mengele, famoso médico dos campos, conhecido por empreender experiências violadoras dos direitos humanos utilizando prisioneiros.


Cunha Lima apresenta a hipótese da violência no possível TPA de Grese ser consequência também de sua busca pelo poder sobre o outro, derivada das experiências de uma mãe suicida e uma condição econômica humilde. 


Assim como sua companheira Ilse Koch, Grese colecionava partes de suas vítimas (outra característica notada em alguns assassinos com TPA); objetos feitos de pele humana foram encontrados em seus alojamentos. 


Ainda segundo testemunhas do julgamento, durante o proferimento de sua sentença, Grese não demonstrou sinais de remorso ou culpa. 

O comportamento citado é comum em alguns indivíduos com TPA, mas também “(...) característica de alguns nazistas em acreditar que estariam apenas cumprindo ordens, ajudando seu país ou que a pena a eles imposta era apenas porque perderam a guerra”.

As últimas palavras de Grese constam como “schnell” (rápido).


Cury (1998) argumenta que “a expressão dessa violência [nazista] ocorre pela dificuldade da liderança alemã e dos soldados em se interiorizar, gerenciar seus pensamentos e revisar seus paradigmas e da psicoadaptação à dor dos judeus”. 


É preciso questionar as determinações sociais e psicológicas de crimes brutais - desse e dos demais holocaustos. Afinal, os campos de extermínio não foram liderados por estupidificados “psicopatas” e sim por uma elite trabalhadora, acadêmica, consciente da violência mas incapaz de postar-se contra a autoridade e o nacionalismo vigente.


Hoje, cada um imagina Auschwitz sabendo que Auschwitz faz parte da perversidade do homem, porque esse crime - talvez o maior de nossa história - foi cometido pelo homem. E o homem não pode perdoar Auschwitz ao homem. E o homem sabe que o homem, em certas circunstâncias, será capaz de reinventar outros Auschwitz, outros Manequins Nus.” (Bernadac, 1975).









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