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Mostrando postagens de janeiro, 2020

Revisão sobre TPA e traços psicopáticos

Os transtornos de personalidade configuram um espectro de disposições psíquicas que dificultam ou mesmo inviabilizam relacionamentos interpessoais; o TPA (Transtorno de Personalidade Antissocial) ainda se mostra um dos TP mais complexos de ser tratado, e é comumente confundido com a psicopatia - esta não se trata de um diagnóstico, mas de um termo psiquiátrico-forense -, o que atua fortalecendo os preconceitos sobre a sintomática do TPA. A mídia colabora para a introjeção da ideia de que o TPA - rotulado sempre como psicopatia - é um desvio de caráter simplificado pelo fato inexorável de se ser terrivelmente mau.  De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V, 2014), o TPA caracteriza-se por “ uma insensibilidade do indivíduo em relação ao direito dos demais e a falta de empatia, que surgem na infância ou no início da adolescência e mantêm-se na vida adulta. Outros elementos centrais desse transtorno são a falsidade, a manipulação e o eg...

esses issos

“ Hiper-reatividade”. É esse o termo que usam pra falar do que, na prática, nunca se define pra mim.  O que mutila num rompante. Um instante e a gravidade me escapa; o mais básico , o banal, o trivial some, num sopro. O humor, esse bordado delicado que vou fiando sem jeito, se retorce e enrola, perde as pontas, vira nós, corto a peça toda, não quero continuar. Muito trabalho. Não sei fazer isso. Não quero mais tentar. Dói . As vezes, uma palavra que ressoa mal. Em tom ou ambiguidade. Falta de atenção corriqueira. A rotina que consome. Meus focos são egoístas e eu não sei olhar pluralmente. Não sei sobre o desinteresse, a pouca importância, o depois. E isso não tem nada a ver com romantismo. Isso é sobre doença. Ler e tentar abordar objetivamente é a forma que encontro de me distanciar um pouco da agonia intermitente e transformar em teoria. Mas entre a “hiper-reatividade” que consta no artigo e as minhas conclusões paranóicas dos últimos dois minutos sobre estar...

Considerações sobre o perfil psicológico dos atiradores em escolas

É comum que criminosos violentos tenham sua sanidade mental questionada. De fato, a violência extrema choca e costuma ser imputada de pertencer a alguma anomalia, com intenção de distanciar casos semelhantes da população em geral. Responsabilizar unicamente a mentalidade ou o caráter do criminoso é o modo encontrado pelos indivíduos para se sentirem mais seguros. School shooters , termo designado para os atiradores que empreendem atentados em escolas, são comumente rotulados de psicopatas. Mas pesquisas recentes sobre o perfil psicológico desses atiradores revelam que não se tratavam de doentes mentais, o que suscita a hipótese de que sim, a violência extrema deriva de alguma anomalia, mas não necessariamente psicopatológica, e sim social . E a divulgação fundamentada de que nem todos os responsáveis por crimes bárbaros são doentes mentais colabora para desestigmatizar a psicopatologia, além de oferecer recursos para o entendimento da gênese da violência. Em artigo de 2...

Auschwitz foi cometido por homens e mulheres comuns

Pouco instruído, de intelectualidade precária, corrupto, sádico, psicopata, inerentemente mau . Esse é o perfil popular de um nazista.  Porque supostamente apenas a crueldade patológica seria capaz de justificar as atrocidades cometidas de 1933 a 1945, com mais de seis milhões de judeus assassinados - embora seja impossível determinar com precisão o número de mortos. De fato outros confrontos históricos fizeram mais vítimas, mas o nazismo - principalmente seu horror materializado em Auschwitz, onde mais de dois milhões foram exterminados e famílias saíam pelas chaminés - é perpetrado como expressão mais clara da crueldade humana pela forma como essas mortes se deram: não em combate, quando os corpos que caem parecem justificados, mas na covardia e na desumanização dos campos de extermínio , projetados na teoria para atuarem como estadias de recuperação física e moral, mas postos em prática como sítios de trabalho escravo onde a maioria não chegava aos dois meses. Assim c...