o zeitgeist do século XVII trouxe consigo o reducionismo mecanicista , no qual todo humano seria explicável por mecanismos físicos. hoje, quatro séculos depois, essa posição parece não ter sido superada - e apenas atualizada através da genética e das neurociências. friso que o problema recai não no conhecimento-objeto, mas sim na tendência instrumentalizadora que reflete o autoritarismo e o sensacionalismo científicos; isso porque o termo "neuro " foi convertido atualmente em um significante mestre , ou seja, um significante que explica quase tudo, uma etiqueta de garantia de que há nisso um saber seguro. nossa fantasia de época é o sistema cibernético - e a insistência de assemelhar o cérebro a um computador, e o humano a um andróide; assim persiste a hipótese subjacente de que tudo o que somos tem sua localização : o sujeito é topográfico, isto é, insiste-se num mapping ou escaneamento que busca o humano nos neurônios e genes. então despontam milhares de teorias sobre ge...