"semente do mal". foi assim que a corte inglesa se referiu à Mary Bell, responsável pela morte de dois meninos de 3 e 4 anos no fim da década de 1960 — quando a própria Mary tinha apenas 10 anos. a imagem da menina foi ligada à malignidade inerente e à psicopatia infantil , e assim acontece não apenas com as crianças condenadas por crimes similares, mas também com aquelas que apresentam comportamentos que não condizem com sua representação social. é preciso entender que a criança é um signo , e, como os demais, sua ideia foi paulatinamente modificada de acordo as expectativas dos pais, da sociedade e das concepções específicas de tempo e espaço; a criança moderna não mais designa um “adulto em miniatura”, mas sim a inocência, a pureza e a vulnerabilidade. essa visão popular da criança como a personificação da bondade e do incólume não cede espaço para a consideração da mesma como indivíduo e, sobretudo, um indivíduo em construção, sujeito a adversidades e passível de ações ...